O AR QUE RESPIRAMOS ESTÁ CADA VEZ MAIS POLUÍDO. HÁ SOLUÇÃO?

Por Tarcísio Bahia
Publicado em A Gazeta em 09/06/22
“A missão AX-1 também é apenas o segundo voo de turismo espacial da SpaceX, após o lançamento em setembro de 2021 de quatro cidadãos particulares em uma viagem de três dias de voo livre pela órbita que viajou ainda mais alto que a ISS” (Estação Espacial Internacional). CNN Brasil, 07/04/2022
Durante muito tempo as viagens ao espaço ficavam restritas ao imaginário, ilustradas em nossa mente pela literatura e cinema de ficção científica.
Mesmo a corrida espacial em tempos de Guerra Fria, entre os EUA e a antiga URSS, parecia algo distante para a maioria da população, ao contrário, por exemplo, de muitos norte-americanos que faziam do lançamento de foguetes em Cabo Canaveral um programa de lazer familiar enlaçado por um orgulho patriótico.
Agora a diversão para um restrito grupo de pessoas privilegiadas inclui as viagens espaciais, promovidas por companhias turísticas que dominam a tecnologia de fabricação de espaçonaves, levando os viajantes em direção às estrelas.
Para sobreviver no espaço, onde não tem ar, é necessário que o oxigênio a ser respirado pelos tripulantes dos foguetes seja levado da nossa Terra.
Enquanto isso, o ar aqui embaixo está cada vez pior, comprometido por ações tanto desenvolvimentistas quanto poluidoras que o homem vem promovendo ao longo da sua história.
Houve um tempo, já distante, em que tínhamos um ar puro em nosso planeta. Porém, a ubiquidade dos agentes que contaminam nossa atmosfera, independentemente do nível de desenvolvimento econômico de cada país, faz com que aquela pureza seja apenas uma ancestral curiosidade de uma era perdida.
Mais do que poder viajar numa espaçonave para curtir uma aventura, privilégio mesmo é poder respirar um ar puro nos dias de hoje no nosso mundinho.
Considerando que somos um povo cada vez mais urbano, afinal é nas cidades que estão as maiores e melhores oportunidades de encontros sociais e de negócios, envolvendo trabalho, estudo, lazer ou até mesmo tratamentos médico-hospitalares, é natural que cada vez mais as pessoas tenham a convicção de que suas vidas ocorrerão entre cimento e asfalto.
O problema é que o ar das cidades é cada vez mais poluído. E não tem como não ficar doente respirando o ar de um ambiente tão contaminado. Como se sabe, as doenças respiratórias vêm aumentando ano a ano, matando cada vez mais a população urbana. Pelo menos os médicos e hospitais estão perto da gente…
Se, por causa da pandemia, nos vimos obrigados a usar máscaras faciais, é certo que cidadãos de diversas regiões metropolitanas, notadamente nos países asiáticos, já faziam uso dela como meio de proteção contra a contaminação do ar. Será que no futuro todos teremos que fazer da máscara algo corriqueiro, tal como calçar sapatos?
A impureza do ar se dá por diversos fatores.
Uma boa parte vem da fumaça dos veículos movidos a combustão. O incremento dos veículos elétricos é a estratégia que vem sendo usada para diminuir ou até mesmo eliminar o uso de combustível fóssil nos motores. Na Europa, por exemplo, não haverá mais a venda de carros movidos a combustão a partir de 2035, quando toda motorização terá propulsão elétrica.
Mas as indústrias também são responsáveis por grande parte da poluição do ar que respiramos.
É o caso dos moradores da região metropolitana da Grande Vitória que convivem há décadas com o pó preto que vem da área industrial da Vale, onde o minério de ferro vindo de Minas Gerais é embarcado. No momento estão sendo feitas ações por parte da Vale visando minimizar o efeito da poluição atmosférica; contudo, isso só se deu após o estabelecimento de um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) a partir de pressão do Ministério Público e do Instituto de Meio Ambiente, bem como da opinião pública.
Outro grande agente poluidor é a construção civil que, a despeito do período pandêmico, encontra-se em franca atividade. Ocorre que no Brasil ainda usamos métodos construtivos quase artesanais, com grande produção de resíduos. Usamos fôrmas de madeira que depois são jogadas fora; construímos paredes de lajotas ou blocos e depois as quebramos para embutir as instalações; e assim por diante.
Muitos dos cenários da ficção científica mostram um futuro distópico, onde tudo parece ter dado errado, inclusive a qualidade do ar a ser respirado pela geração que sobreviver à tragédia provocada pelo homem. Esperamos, porém, que a mesma tecnologia capaz de produzir foguetes para passeios seja capaz de achar soluções para tornar nosso mundo um lugar bom pra viver e respirar.

Fonte: https://www.agazeta.com.br/colunas/tarcisio-bahia/o-ar-que-respiramos-esta-cada-vez-mais-poluido-ha-solucao-0622

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